A candura recente do Governo só convence os incautos ou, é claro, todos os que têm o cérebro com ligação directa, e exclusiva, ao Comité Centra do MPLA. Recordemos, por exemplo, que duas dezenas de jovens activistas manifestaram-se no dia 27 de Maio de 2018 na Praça da Independência, centro de Luanda, exigindo respostas para o massacre de milhares de angolanos, em 27 de Maio de 1977, protesto travado poucos minutos depois com a civilidade táctico-policial da equipa de Eugénio Laborinho.
A democracia, a liberdade e as leis “made in MPLA” impostas por João Lourenço (lembram-se quem é?) a isso obrigaram. Agora, quase como um messias, o Presidente do MPLA, ex-ministro da Defesa, Titular do Poder Executivo e Presidente da República aparece nas vestes de bom samaritano e (quase) todos se ajoelham.
De facto, e nunca é demasiado dizê-lo, vários milhares de angolanos morreram naquele dia e seguintes, em 1977, na resposta do regime do MPLA, nomeadamente os dirigentes Nito Alves, então ministro da Administração Interna, José Van-Dúnem, e a sua mulher, Sita Valles.
A Amnistia Internacional estimou em cerca de 30 mil as vítimas mortais na repressão que se seguiu contra os “fraccionistas” ou “Nitistas”, como eram conhecidos então. No entanto, diversos historiados admitem que esse montante possa chegar às 80 mil.
Os massacres de 27 de Maio de 1977 resultaram de uma provocação, longa e pacientemente planeada, tendo como responsável máximo Agostinho Neto, que temia perder o poder. Esta é uma das principais conclusões do livro “Purga em Angola (O 27 de Maio de 1977)”, da autoria dos historiadores portugueses (já falecidos) Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus.
Nito Alves, então ministro da Administração Interna sob a presidência de Agostinho Neto, liderou uma manifestação para protestar contra o rumo que o MPLA estava a tomar. Segundo o livro “havia que evitar que os ‘nitistas’ chegassem ao Congresso, anunciado para finais de 1977” porque “existia o sério risco de conquistarem os principais lugares de direcção”.
“A preocupação de Neto e dos seus era, pois, o poder. E pelo poder fariam tudo”, acrescenta. Exactamente o que fez José Eduardo dos Santos durante 38 anos. Exactamente o que está a fazer hoje João Lourenço.
Dalila Mateus afirmou que as informações constantes no livro não serão “a verdade completa” sobre o 27 de Maio, mas serão, “certamente, a verdade possível, que não estará muito longe da realidade”. Por seu lado, Álvaro Mateus afirmou que o objectivo é recordar “um passado sombrio, na esperança de que não se volte a repetir”.
Na versão oficial, através de uma declaração do Bureau Político do MPLA, divulgada a 12 de Julho de 1977, o 27 de Maio foi uma “tentativa de golpe de Estado” por parte de “fraccionistas” do movimento, cujos principais “cérebros” foram Nito Alves e José Van-Dúnem, versão que seria alterada mais tarde para “acontecimentos do 27 de Maio”.
Nito Alves e José Van-Dúnem tinham sido formalmente acusados de fraccionismo em Outubro de 1976. Os visados propuseram a criação de uma comissão de inquérito, que foi liderada pelo ex-Presidente José Eduardo dos Santos, para averiguar se havia ou não fraccionismo no seio do partido.
As conclusões desta comissão nunca chegaram a ser divulgadas publicamente mas, segundo alguns sobreviventes, revelariam que não existia fraccionismo no seio do MPLA. A verdade foi, é e será sempre o “calcanhar de Aquiles” do MPLA.
De acordo com o livro, o próprio José Eduardo dos Santos e o primeiro-ministro de então, Lopo do Nascimento, seriam também alvos a abater pela cúpula do MPLA. O ex-Presidente terá sido salvo pelo comissário provincial do Lubango, Belarmino Van-Dúnem.
Os apoiantes de Nito Alves consideravam que o golpe já estava a ser feito por uma ala maoísta do partido, liderada pelo secretário administrativo do movimento, Lúcio Lara, que terá instrumentalizado os principais centros de decisão do partido e os media, em especial o Pravda (Jornal de Angola), pelo que consideraram que a manifestação convocada por Nito Alves foi “um contra-golpe”.
Os autores do livro chegam à mesma conclusão depois de cruzarem a informação recolhida, desde entrevistas a sobreviventes, ex-elementos da polícia política (DISA) e antigos responsáveis do MPLA, a notícias ou arquivos da PIDE e do Ministério dos Negócios Estrangeiros português.
De acordo com o estudo, “a purga no MPLA atingiu enormes proporções” e é citado um livro laudatório de Agostinho Neto em que se assinala que “o número de militantes do MPLA, depois das depurações, baixara de 110.000 para 32.000”.
Em relação ao número de mortos, os autores optam pela versão dos 30.000, justificando que “no meio-termo estará a virtude”, depois de analisarem dados tão díspares que vão dos 15.000 aos 80.000.
O livro tenta reconstruir os acontecimentos antes, durante e pós 27 de Maio de 1977 e dá conta de testemunhos que referem os horrores a que os chamados fraccionistas foram submetidos, desde prisões arbitrárias, a tortura, condenações sem julgamento ou execuções sumárias.
O apontado líder do alegado golpe de Estado terá sido fuzilado, mas o seu corpo nunca foi encontrado, tal como o dos seus mais directos apoiantes como José Van-Dúnem e mulher, Sita Valles, que foi dirigente da UEC, ligada ao Partido Comunista Português, do qual se desvinculou mais tarde, e foi expulsa do MPLA.
Em Abril de 1992 (onde andava na altura João Lourenço?), o governo do MPLA reconhece que foram “julgados, condenados e executados” os principais “mentores e autores da intentona fraccionista”, que classificou como “uma acção militar de grande envergadura” que tinha por objectivo “a tomada do poder pela força e a destituição do presidente (Agostinho) Neto”.
Segundo os autores do livro, “as principais responsabilidades” do 27 de Maio “recaem por inteiro sobre Agostinho Neto” que “não se preocupou com o apuramento da verdade, dispensou os tribunais, admitiu que fizessem justiça por suas próprias mãos”.
O então Presidente da República do MPLA “acabaria por se revelar o chefe duma facção e não o árbitro, o unificador. Dominado pela arrogância, pela inflexibilidade e pela cegueira, foi incapaz de temperar a justiça com a piedade”, referem.
Quanto à herança do 27 de Maio, o livro conclui que “Angola perdeu muitos dos seus melhores quadros: combatentes experimentados em mil batalhas, mulheres combativas, jovens militantes, intelectuais e estudantes universitários”.
“Os vencedores do 27 de Maio parece terem conseguido o milagre de fazer desaparecer os que sonhavam com um futuro melhor, mais igualitário e mais fraterno para os angolanos”, dizem, acrescentando que se “impôs no país um clima de medo e de violência” porque falar do 27 de Maio se tornou “um tabu”.
Como a mentira do MPLA, apesar de repetida até à exaustão (como recomenda Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler) acabou por não conseguir ser “verdade”, o Governo do MPLA passou, timidamente, a aceitar a designação de “excessos”, com “execuções e detenções sumárias”.
Excessos. Não mais do que excessos. Certamente de pequena monta. O MPLA pode, e assim tem feito, contar várias versões da História. Quanto à verdade, que só tem uma versão, ainda não a consegue assumir. Lá chegaremos quando Angola for o que ainda não é, um Estado Democrático de Direito.
O Governo do MPLA promete, agora, introduzir o tema dos direitos humanos nos programas escolares para prevenir novos casos no futuro.
O reconhecimento foi feito em Novembro de 2018 pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola, Francisco Queiroz, que, em declarações à Rádio Nacional de Angola (RNA), admitiu ter havido, da parte do Governo de então (do MPLA), uma “reacção excessiva aos acontecimentos que se seguiram à tentativa de golpe de Estado”, levada a cabo pelos que ficaram conhecidos por “fraccionistas” do MPLA.
“Muitos desses actos ocorridos na altura atentaram contra os Direitos Humanos. Houve execuções e prisões arbitrárias. Tudo isso está um pouco esquecido, mas precisamos lembrar para que não volte a acontecer”, afirmou o ministro.
Sobre a acção que marcou os primeiros anos de Angola independente, deixou em aberto a possibilidade de as famílias poderem ver como é que se poderá resolver a questão sobre as certidões de óbitos e de outras matérias que têm a ver com esses acontecimentos. Recordam-se? No entanto, Francisco Queiroz lembrou que, na maior parte dos casos, não será fácil fazer-se o reconhecimento, caso sejam encontrados restos mortais.
As declarações de Francisco Queiroz aconteceram numa altura em que, num “draft” sobre “Estratégia do Executivo de Médio Prazo para os Direitos Humanos 2018/2022”, elaborado pelo ministério que tutela, o Governo de Angola (do MPLA) reconhece, pela primeira vez, que, após o “27 de Maio”, registou-se um “cortejo de atentados aos Direitos Humanos”, considerando-o “um dos mais relevantes” da História do país.
Se o joao lourenco e democratico e a saber que a sua eleicao por conveniencia fraude programada nos laboratorios atipicos do proletariado do mpla , torque e que ele continue a valet se da CONSTITUICAO A FAVOR DO SEU PRECEDENTE jes.
Porque e que ele nao aceita um REVISAO CONSTITUICIONAL ?
Ele usa a constituicao q nao ajuda a democracies em angola, ele e LADRDO , OPORTUNISTA ,e CORRUPTO como o seu guiana jes